Ismael Santos: A história de um dos melhores sushiman do Nordeste

Com quase 20 anos de experiência e passagens por renomados restaurantes da Paraíba e do Rio Grande do Norte, o sushiman Ismael Santos é hoje um dos nomes mais respeitados da culinária japonesa no Nordeste. Natural de João Pessoa (PB), ele comanda com maestria a produção do sushi no restaurante Bambinos, em Nova Betânia, Mossoró, onde atua há uma década e ajuda a manter a casa sempre lotada. Em entrevista ao Portal O Vale do Apodi, Ismael compartilhou sua trajetória, desafios e a paixão pela profissão. O Vale do Apodi – Há quanto tempo você trabalha como sushiman?
Ismael Santos – Já são 19 anos. Comecei lavando louça em um restaurante em João Pessoa. Depois fui para a limpeza. Sempre fui curioso e observava o sushiman trabalhando. Um dia, o auxiliar dele faltou, e como eu já tinha terminado meu serviço, fui ajudar. O dono passou por lá, viu tudo pronto e perguntou quem tinha feito. O sushiman respondeu: “Foi o Ismael.” Ele me chamou e disse: “Você está demitido da limpeza.” Fiquei assustado, mas ele completou: “A partir de amanhã, você é auxiliar de sushiman.” Aí começou tudo.
O Vale do Apodi – Como foi sua trajetória na culinária japonesa?
Ismael Santos – Comecei no restaurante Yokan. Depois fui para o Hikari, em Natal. Passei uma semana no Hirachay, mas não me adaptei ao estilo. Trabalhei três meses no Ocean Palace. Voltei para a Paraíba e passei seis meses no Kioto, na Praia do Cabo Branco. Retornei a Natal, ajudei a inaugurar o Takame Sushi Bar, mas fui demitido após três meses. Depois, recebi um convite de Fabiano, que trabalhava no Trattoria, para ir a Mossoró. Ele me ajudou muito — devo muito a ele. Trabalhamos juntos por três anos. Em seguida, fui para o Bambinos com Jânio Roberto, onde fiquei um ano e dois meses. Tentei abrir o Yokan Oriental em Caicó, mas fechou após 10 meses. Voltei para Severiano Melo, passei por Apodi e retornei ao Bambinos, onde estou há 10 anos.
O Vale do Apodi – Em quais restaurantes você trabalhou?
Ismael Santos – Yokan (João Pessoa), Hikari (Natal), Hirachay (Natal), Ocean Palace (Natal), Kioto (João Pessoa), Takame Sushi Bar, Trattoria (Mossoró) e Bambinos (Mossoró).
O Vale do Apodi – Como é ver o sushi do Bambinos sendo reconhecido como um dos melhores do RN?
Ismael Santos – É gratificante demais. Ver a casa cheia, com idosos, crianças, famílias inteiras na fila para pegar sushi, me enche de orgulho. Mas não faço nada sozinho. É tudo em equipe. Aqui no Bambinos temos uma equipe afinada, e isso faz toda a diferença.
O Vale do Apodi – Há quanto tempo você está no Bambinos?
Ismael Santos – Há 10 anos. Sou muito grato por tudo. Os patrões, os colegas da produção… Aqui prezamos pela qualidade, seja nas promoções ou nos dias comuns. O padrão é sempre o mesmo. Por isso a casa vive cheia.
O Vale do Apodi – Teve alguma inspiração ou mentor?
Ismael Santos – Sim. O Eduardo, na Paraíba, que me ensinou muito. E o Fabiano, que acreditou em mim e me deu oportunidades importantes.
O Vale do Apodi – Fez algum curso específico?
Ismael Santos – Nunca fiz curso. Aprendi tudo na prática, com dedicação e curiosidade.
O Vale do Apodi – Como é sua rotina no restaurante?
Ismael Santos – Praticamente moro no Bambinos. Trabalho quase todos os dias, folgo um dia por semana e um domingo por mês. Mas quando se trabalha com amor, tudo flui naturalmente.
O Vale do Apodi – Qual é o segredo para um bom sushi?
Ismael Santos – O segredo está no básico. Não é inventar moda. É fazer bem-feito, com bons ingredientes. O simples com qualidade.
O Vale do Apodi – Qual a técnica mais desafiadora?
Ismael Santos – Cozinhar o arroz no ponto certo. O molho também é fundamental. O segredo está na preparação: salmão fresco, cream cheese no ponto, equilíbrio.
O Vale do Apodi – O que mais te fascina na culinária japonesa?
Ismael Santos – A paixão. Quem faz, se apaixona. O dinheiro é importante, claro, mas a realização pessoal é o que mais conta pra mim.
O Vale do Apodi – Você mantém a tradição ou adapta ao gosto brasileiro?
Ismael Santos – Nosso sushi é adaptado. O tradicional mesmo não tem creme, bacon, essas coisas. A gente ajusta ao gosto do cliente.
O Vale do Apodi – Qual seu prato preferido de fazer? E de comer?
Ismael Santos – Gosto de preparar Hot Filadélfia e de comer Temaki.
O Vale do Apodi – Já teve algum pedido inusitado?
Ismael Santos – Já sim! Teve um cliente que pediu sushi de calabresa!
O Vale do Apodi – Alguma história curiosa no trabalho?
Ismael Santos – Muitas! Desde erros de pedidos até situações engraçadas com clientes. Isso é o tempero do dia a dia.
O Vale do Apodi – Como você vê o crescimento da culinária japonesa no Brasil?
Ismael Santos – Me sinto valorizado. Antes era tudo mais fechado, o conhecimento não era compartilhado. Hoje tem até vídeo ensinando na internet.
O Vale do Apodi – Qual o conselho para quem quer ser sushiman?
Ismael Santos – Tem que ter paciência, dedicação e determinação. Saber que a rotina exige compromisso. O restaurante não para.
O Vale do Apodi – E para quem está começando a apreciar a comida japonesa?
Ismael Santos – Escute quem tem mais experiência, pergunte, pesquise. Nunca ache que já sabe tudo. Sempre tem novidade.
O Vale do Apodi – Quer deixar uma mensagem final?
Ismael Santos – Amo o que faço. Quem quiser conhecer meu trabalho, é só passar no Bambinos Sushi, em Nova Betânia. Vai ser um prazer servir!
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