Entrevistas

Empresário paulista transforma Apodi em polo de exportação de melão para a Europa

À frente da Angel Agrícola, Morita enfrentou desafios estruturais, conquistou a confiança da comunidade local e hoje comemora resultados expressivos no mercado internacional.

Natural de Capão Bonito, no interior de São Paulo, e herdeiro de uma família com raízes profundas no campo, o engenheiro agrônomo Ângelo Shigueyuki Morita encontrou na Chapada do Apodi o terreno fértil para materializar um sonho: fundar uma empresa agrícola voltada à exportação de frutas tropicais. Hoje, à frente da Angel Agrícola Ltda, ele celebra conquistas que vão muito além das fronteiras brasileiras — exportando centenas de toneladas de melão para países como Inglaterra, Espanha, Holanda, Dinamarca e Canadá.

Formado pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), antiga ESAM, em Mossoró, Morita teve uma trajetória que o levou da experiência internacional na Europa ao setor industrial no Japão, antes de retornar ao Brasil para empreender no semiárido potiguar. Em 2006, fundou a Angel Agrícola em Apodi, inicialmente focada no mercado interno. Com visão empreendedora, capacidade de adaptação e paixão pela terra, ele superou os desafios logísticos da região para tornar a empresa um símbolo de sucesso no agronegócio nordestino.

“Apodi tem um potencial imenso. O clima, o solo e o povo trabalhador foram decisivos para que eu escolhesse essa região como base. Hoje, somos mais de 100 colaboradores, com geração de emprego direto e indireto para famílias locais”, afirma Morita.

Com um modelo de gestão que alia eficiência e compromisso social, Morita também apoia projetos voltados para crianças carentes, instituições como a APAE e lares de idosos.

Em entrevista exclusiva ao jornalista Márcio Morais do Portal O Vale do Apodi, o empresário fala sobre sua trajetória, os diferenciais da Chapada do Apodi e os planos de expansão da Angel Agrícola. “Nosso objetivo é seguir crescendo com responsabilidade, respeitando o meio ambiente e valorizando as pessoas que fazem parte dessa história.”

A trajetória de Ângelo Morita é mais do que um caso de sucesso empresarial — é um exemplo de como o interior do Rio Grande do Norte pode ser protagonista no cenário internacional do agronegócio.

Márcio Morais
Da Chapada do Apodi 
@marciomoraisrn

O VALE DO APODI – Ângelo, você é natural de São Paulo. O que despertou seu interesse pela Chapada do Apodi?

Ângelo Shigueyuki Morita – Enxerguei uma área de planejamento territorial com diretrizes específicas voltadas para a agricultura . A região possui solos férteis e relevo plano a suavemente ondulado, favoráveis ao cultivo em larga escala. Clima tropical, com estação chuvosa definida, ideal para muitas culturas . E com as bacias hidrográficas importantes, exigindo planejamento no uso da água para irrigação.

O VALE DO APODI – Como foi seu primeiro contato com a região e com o potencial agrícola do local?

Ângelo Shigueyuki Morita – Foi perfeito . Fui muito bem recepcionado por todos . 

O VALE DO APODI – O que mais o surpreendeu ao chegar aqui?

Ângelo Shigueyuki Morita – O povo de Apodi , as terras , o clima e principalmente a qualidade da água ! 

O VALE DO APODI – Como surgiu a ideia de criar a Angel Agrícola?

Ângelo Shigueyuki Morita – Venho de uma família tradicional na agricultura e, desde a faculdade, sonhava em ter minha própria empresa, voltada para a exportação de melão .

O VALE DO APODI – Quais foram os principais desafios enfrentados no início da produção de melão?

Ângelo Shigueyuki Morita – Começar um projeto novo em uma região sem infraestrutura foi um grande desafio. Faltava energia elétrica, estrada e mão de obra qualificada, o que dificultou a formação de uma equipe preparada para tornar a empresa exportadora.

O VALE DO APODI – Como foi a recepção da comunidade local diante do novo empreendimento?

Ângelo Shigueyuki Morita – No início, por ser desconhecido, houve certa curiosidade e receio por parte das pessoas, mas fui muito bem recebido. A receptividade e o acolhimento da comunidade facilitaram bastante o início da empresa.

O VALE DO APODI – A produção é voltada principalmente para exportação ou também atende o mercado interno?

Ângelo Shigueyuki Morita – Atualmente, a Angel Agrícola produz mais de 300 toneladas de melão por semana, com potencial para dobrar esse volume. A principal dificuldade está na logística, especialmente nas estradas de terra e nas condições da BR, que afetam a qualidade do produto. A empresa exporta para países como Inglaterra, Holanda, Dinamarca, Espanha e Canadá, além de atender o mercado interno, com entregas para São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

O VALE DO APODI – Quais são os diferenciais do melão produzido na Chapada do Apodi?

Ângelo Shigueyuki Morita – A principal diferença realmente é na qualidade e pós colheita dos frutos .

O VALE DO APODI – Quantos empregos diretos e indiretos a Angel Agrícola gera atualmente?

Ângelo Shigueyuki Morita – hoje temos mais de 100 colaboradores diretos e mais de 50 indiretos .

O VALE DO APODI – De que forma o empreendimento tem contribuído para a geração de renda na região?

Ângelo Shigueyuki Morita – A Angel Agrícola atua de forma sustentável na região, empregando 100% de seus colaboradores entre moradores de Apodi, assentamentos vizinhos e comunidades locais. Isso fortalece a economia regional, já que a renda gerada circula dentro do próprio município.

O VALE DO APODI – Há iniciativas de qualificação ou capacitação dos trabalhadores locais?

Ângelo Shigueyuki Morita – A Angel Agrícola investe na qualificação dos colaboradores, oferecendo cursos técnicos como tratorista, empilhadeira, operação de máquinas de embalagem e certificações com empresas externas. Nos acreditamos no grande potencial da Chapada , que deve se expandir ainda mais com a transposição do Rio São Francisco, favorecendo o cultivo de outras culturas além do melão, como banana, coco, acerola, cebola , silagem ,goiaba e limão e também para grãos . A região tem um futuro promissor no agronegócio.

O VALE DO APODI – Há planos de expansão da produção ou diversificação de culturas?

Ângelo Shigueyuki Morita – A Angel Agrícola tem potencial para ampliar significativamente sua produção de melão e também planeja expandir para outras culturas, como grãos, além de desenvolver novos projetos futuros em estudo .

O VALE DO APODI – Como tem sido sua experiência de vida no Rio Grande do Norte?

Ângelo Shigueyuki Morita – O Rio Grande do Norte tem um grande potencial agrícola e já conta com um caminho aberto para a exportação de melão, o que facilita a entrada de outras culturas e atrai novos investidores. Além disso, é um estado acolhedor, o que favorece a chegada de novos empresários ao setor.

O VALE DO APODI – Você se considera hoje um apodiense de coração?

Ângelo Shigueyuki Morita – Com muita gratidão, hoje me considero apodiense de coração. Meus negócios estão em Apodi, cidade que me acolheu e onde tive a honra de receber o título de cidadão apodiense.

O VALE DO APODI – Qual mensagem deixaria para quem ainda não conhece o potencial dessa terra?

Ângelo Shigueyuki Morita – Minha mensagem para quem ainda não conhece Apodi é: venha e conheça. Ao ver de perto a fertilidade da terra, o clima favorável, a qualidade da água — que é mineral — e a acolhida do povo, tenho certeza de que qualquer pessoa se apaixonaria por “ Apodi “ 

  • RECONHECIMENTO

Deputado Gustavo Carvalho propõe título de Cidadão Norte-Rio-Grandense ao empresário Ângelo Morita

O deputado estadual Gustavo Carvalho protocolou na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte um Projeto de Resolução que propõe a concessão do Título Honorífico de Cidadão Norte-Rio-Grandense ao empresário Ângelo Shigueyuki Morita, em reconhecimento à sua relevante contribuição para o desenvolvimento econômico e social do estado.

Natural de Capão Bonito, no interior de São Paulo, Ângelo Morita fixou residência definitiva em solo potiguar, onde construiu uma sólida carreira como engenheiro agrônomo, empreendedor e agente social. Formado pela Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA), com sede em Mossoró, ele se destacou no setor da fruticultura irrigada — um dos pilares da economia da região Oeste.

Em 2006, Morita fundou a Angel Agrícola Ltda., com sede em Mossoró. A empresa se notabilizou pela produção e exportação de frutas como melão e melancia, abastecendo mercados exigentes como Reino Unido, Espanha, Holanda, Dinamarca e Canadá. A Angel Agrícola é responsável por mais de 100 empregos diretos, sendo um importante vetor de geração de renda e desenvolvimento para o estado.

Além de sua atuação empresarial, Ângelo Morita também é reconhecido pelo envolvimento em causas sociais. Ele apoia instituições como a APAE, o Lar da Irmã Hellen, a Casa dos Estudantes e o Lar de Idosos de Mossoró, além de incentivar projetos esportivos voltados a crianças em situação de vulnerabilidade.

Na justificativa do projeto, o deputado Gustavo Carvalho afirmou que a homenagem reconhece “a ética, a solidariedade e o profundo respeito aos valores do povo potiguar demonstrados por Morita ao longo de sua trajetória”. Para o parlamentar, mesmo não sendo natural do Rio Grande do Norte, Morita “enraizou-se em solo potiguar, contribuindo de maneira exemplar para o crescimento de nossa economia e o bem-estar da nossa população”.

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